Essas paredes são tão geladas
Passar entre esses prédios me deixa nervoso
Tudo está tão barulhento
A agônia se torna presente
Com tanta gente ao meu redor que me falta ar
Os prédios estão entupidos de gente
Porém, ninguém se conhece
Poucos sabem suas lutas
Passando entre os prédios penso
Na quantidade de histórias de amor
Que poderia se formar com um único encontro
Seja no elevador ou nas escadas
Tudo é tão mais legal de longe
Por mais que estejamos tão perto
Ainda há solidão e estranhamento
E por mais que estejam unidos por metro quadrado
Nada há para ligar
As pessoas andam cada vez mais próximas
E cada vez mais sozinhas
Gosto de imaginar cenas do estilo de filmes
A mocinha do 135 se encontra com o rapaz do 531
Amor para toda a vida e fim
Assim as coisas ficam mais fáceis
Todo aquele drama do sozinho acaba
Que pena que essas coisas não acontecem
Ao menos não ao meu redor
Nada acontece ao meu redor
Não há movimento de pessoas
Não ando por entre os prédios
Aqui só há aquele rapaz, sozinho
Aquele que sempre está a pensar
E imaginar várias cenas
Já que não pode viver sua própria cena
Ou ao menos não pode sair do casulo
Só pode ser o mesmo
Calado, pensando, escrevendo, sendo o que eles querem
Sonhando alto demais para alguém preso
Escrevendo demais para um leigo em palavras
Pensando demais para alguém com apenas um final
Acomodado demais para sair do quadrado
Revoltado demais para acreditar em destino
Apaixonado demais para alguém sem amor
Sozinho demais para um jovem com muitos amigos.