A ARCA DE NOÉ, OS HOMENS E OS ANIMAIS
Muitos minúsculos
mesmo tão pertos
Alguns têem músculos
E são inquietos
Muitos constroem
Seus próprios ninhos
Outros destroem
Lares vizinhos
A noite entrando,
Confundo os lumes
De astros piscando
Com vagalumes
Moscas sugando
A minha testa
Grilo cricando
Pra que que presta?
* \"vais à formiga,
(Nos diz Salomão)
Ela te ensina
Ganhar o teu pão;
Olha os seus viais !
Sê sábio e instruido
Sem oficiais
O sustento é colhido\"
Na grotesca Arca
Com formato oblongo
Noé, então abarca
Gato, cão e camundongo
Ajuntando os pares
Os acomodava
Espécies, similares,
Como Deus lhe ordenava
Leão, girafa, pato
Lebre, equinos, gados
Tudo que se vê no Mato
Ferozes, domesticados
O incrível se sucede
Antes da porta fechar
De novo Noé pede
Para todo homem entrar
História conhecida
E convém te repetir
Existe ainda na vida
O que teima presumir
De um bicho irracional
Que sem se delongar
Fez-se mais racional
Apressou-se à entrar
Passaram-se milênios
Vieram consequências
O mundo, jaz enfermo
Alastram-se doenças
Chagas incontáveis
Deste mundo transitório
São incontroláveis
Não respeitam território
O homem adoentado
Pega o laudo probatório
Sai desanimado,
E triste do consultório
Como se caminhasse
De modo vexatório
Crendo que o esperasse
Um final no purgatório
Logo o cirurgião
Explica ao pobre homem
Que existe solução
Para o mau que lhe consome:
\"A avançada medicina
Merece confiança
Transplante e vacina
São feitos com segurança
O doutor exemplifica
De um modo suassório:
- A indústria quem fabrica
O mero inflamatório,
Remédios controlados
Aparelho ajutório...
Todos esses são testados
Em bicho de Laboratório
Aves, cães, bovinos
Simios e eqüinos
Coelhos, lebres, gatos
Cuys , e até baratas...
E desta lista vasta,
Preferidos são os ratos.\"
Resumindo Eclesiastes
A verdade é uma só:
*viva a vida, te desgastes
Pois, ao fim, voltas ao pó;
Quanto a ti e o animal
De ambos, fiz um correlato
Vais à cova ao seu final,
Como vão o cão e o rato\"
(Elfrans Silva)