Javier Jimenez

Final da Linha

Final da Linha 

 

Sem lembranças ou recordações próprias... apenas fotos,

Quando percebi com consciência... vi! Era eu o piloto,

Imperceptível como subi neste vagão, a viagem já tinha começado,


Um longo percurso à frente, mas pouco passado já tinha alcançado.

Ao longo do caminho da via férrea, fazemos paradas em cada estação,
Novos passageiros - e suas histórias - embarcam, no mesmo vagão,
Compartilham, trocam e vivenciam momentos... ouçam o chamado, entrem!
Enquanto outros descem, dizendo até logo, ou apenas o adeus... para sempre.

Com a vista no caminho à frente, rememorando o passado agora consciente,
Sem perceber a paisagem, o momento, como se o presente fosse inexistente,
A irreverência da juventude, devorando a vida, sempre com pressa,
A arrogância do vigor, força e da mocidade, mas... a vida tem surpresas.

Com o tempo, a experiência chega, entendi que sou o protagonista,
Não apenas um passageiro, nessa jornada, sou realmente o maquinista,
Tarde entendi que a paisagem lá fora ia passando rapidamente,
As pessoas entravam e saíam do vagão, e o tempo... assassino paciente.

Eu continuava ali, apenas existindo, arrependido de ter sido irreverente,
Sabendo que a eternidade como a imaginava não cabia mais na minha mente,
O outrora entusiasmo, vigor e coragem, que engalanavam minha personalidade,
Era substituído por viajantes do último trajeto: cansaço, insônia e ansiedade.

Como pontual passageiro indesejado, embarcou o inverno... última chamada,
Trouxe fios esbranquiçados, mensageiros da iminência da nossa última parada,
Repleto de recordações, de histórias, de lugares percorridos nesta longa estrada,
Chegou o final da linha para ensinar que a vida é maravilhosa... só porque acaba.