ESTRANHO DESEJO
- duvidoso - estranho - impossível
O GÊNIO DA LÂMPADA E O POETA
Aos ziguezagues tropeça o poeta,
Pós beber todas, voltando da festa
E se depara, na noite escura,
Com a lamparina e a tal criatura
Que lhe contaram nos tempos idos
Ter o poder de atender três pedidos
O Gênio ingênuo e predisposto
Ofereceu-se a cumprir o seu gosto
Fosse o que fosse pra lhe ajudar
O Poeta estava inebriado
Nem tanto assim, desordenado
Que não soubesse se aproveitar
Primeiro pediu, Wisky gelado
Pra rebater o porre tomado
\'Firmar o purso\' e calcorrear
\"Isabella’s Islay\", por exigência
(Que duvidara, na pobre vivência)
Tivesse o prazer d\'uma gota tomar!
Por conseguinte, ser Escritor
De invejar quem quer que for
Igual Drumond e Casemiro de Abreu
Que todas as suas literaturas
Levasse a mais nescia das criaturas
À duvidar de quem foi que escreveu
E por Terceiro, o maior desafio
Difere de todos que ele pediu
U\'a linda mulher pra lhe amar toda vida
Que \"no prazer\" não fosse fingida\"
Não fofocasse com suas vizinhas
Nem perguntasse que bens ele tinha
Fez-se silêncio e ar de mistério
O gênio fez cara de homem sério
Disse ao poeta: \"preste atenção !
Se prometi, devo-lhe obrigação
Satisfarei, já, duas vontades
Mas, na terceira tenho dificuldades
Dou-lhe bebida, mas, cuide do vício
Faz-te a razão um poeta de Ofício
A sobriedade e a inspiração
Caminham juntas, dando as mãos
A bebedeira se torna problema
Ao se transpor além do poema
Ser Acadêmico e ter Destaque
Poeta de Fama ou de Araque
Dependerá do que tu escrever
Tenhas papel e caneta na mão
Deixe guiar-se por seu coração
Honras depende daquele que o ler
O seu terceiro requerimento
Vai mais além de poderamento
Por isso te peço desculpas, enfim
À adjutora, perfeita mulher
Prometo a ti quando Deus a fizer
Se já existisse pegaria pra mim
(Elfrans Silva)