ele nasceu do falecimento da feiura
ele via na pétala estirada no canteiro
vívida, a memória da plenitude da flor
ele enxergava, nas manhãs de segunda
nos desenhos da mucina seca do muro
as lembranças felizes do caracolzinho
no seu demorado passeio do domingo
ele guardava muitas crisálidas vazias
alcançadas à beira dos seus caminhos
pra beber delas o sonho de borboletas
ele ostentava os seus chinelos gastos
como troféus das distâncias que tinha
era poeta, e não morreria de belezas
-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 16/10/23 --