Se seu olhar fosse um abismo
Lá estaria eu, me jogando, me aventurando
Já teria pulado sem medo,
Sem apego ao que restaria de mim
Se seu olhar fosse um balão
Lá estaria eu, sobrevoando o mundo
Descortinando paisagens novas
Rezando para que o vento não tivesse fim
Se seus olhos fossem pontes
Lá estaria eu, fazendo a travessia com pressa
Com ânsia de chegar, de ver o outro lado
De conhecer o suposto desconhecido
Se seus olhos fossem chamas
Lá estaria eu, queimando, me desfazendo
Seria parte dessa fogueira
Ardendo feliz e por escolha consciente
Se seus olhos fossem jogo de azar
Lá estaria eu tentando, apostando todas as fichas
Lançando os dados, arriscando palpites
E torcendo para ter sorte em cada rodada
Esse olhar de mansidão e calmaria
De brusca queda e suave conforto
É espelho e esfera
Espera e desencontro
Esse olhar, um certo olhar
É medo que consome e esperança que move
É precipício, opção sem volta
É caminho que teimo em escolher.