R. Barbosa Gameiro

Q\'astro é Ela

Negras brisas trazem brilhos

Da briosa confusão,

Onde pairam, em seus trilhos,

Astros ébrios de solidão,

Aptos a arranjar sarilhos

Algures na deslocação.

Sejam estrelas ou cometas,

Nebulosas ou planetas.

 

Notei um corpo invulgar!

Com colar e dois anéis…

De face branca lunar,

Qual gravada com cinzéis,

E mechas a sublimar

Além das terrenas leis.

Nunca penas ou canetas

Narraram tais silhuetas!

 

Ao escutar-lhe humana voz,

Pus-me bem à sua frente!

E o coração, mais que veloz,

Tentou pôr-me eloquente…

 

Mas ao ver-lhe os olhos breus

Emanarem-me um lampejo,

Fixei, nos dela, os meus…

Demos o primeiro beijo!

 

Senti que era errado e certo,

Pra manter este astro perto

(Mal nos tendo conhecido)...

 

Mas fugiu-me em translação,

Levando-me o coração

(Ainda desaparecido)...