teu olhar descerrou a porta da minha estupidez
arrancando-a, tal inquilina, em ação de despejo
tão intrepidamente como um semiprateado raio
que sabe troar, mas me chama rouco e baixinho
da superfície singular das tuas preciosas gemas
que trazem e confundem em si o verde e o azul
mas harmonizam todo o resto das minhas cores
num renovado espaço, amplo, de sensibilidades
em que eu me rabisco feliz segurando a tua mão
desde que éramos ali duas bolinhas e dez traços
tão básicos, como desenhos rupestres na parede
que evoluem numa história repleta de encantos
em teu olhar eu encontro a paz da minha poesia
estímulo dos versos que vou deixando no tempo
postos, como icebergs da minha colossal alegria
em valsa - melodia suave e circular das palavras
nas tuas preciosas gemas eu me espelho inteiro
reflexo dum amor eterno, sublime e verdadeiro
-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 10/10/23 --