E QUANDO MEU FIM CHEGAR
(C.Araujo)
E quando ela chegar , a dama negra que todos temem, A Senhora dos caminhos sombrios,
A eterna dama das noites sem lua e dos dias tristonhos.
A que anda pelos jardins alheios, pisoteando as gramas e desfolhados os canteiros.
A dama da foice amolada que é a única certeza que todos nós mortais sabemos que vamos encontrar um dia...
Quando vires a mim ao menos me avise
Ou troque seu manto preto por um vermelho escarlate…
Não me venham nos dias úteis nem nos derradeiro do mês…
Deixe ao menos gastar meu salário de um submisso operário....
Deixe ao menos eu terminar meu testamento
Pois quando eu partir não quero deixar lamentos...
Sei que algum dia eu irei contigo encontrar
mas quero partir desta para melhor com suaves arpejos.
Por isso não quero choro no meu cortejo
Apenas um quarteto de metais:
Dois trompete , um trombone E uma tuba sinfônica…
O repertório fica por conta de vocês que ficarem vivos, depois de tocar as que eu deixar no meu testamento…
E assim meu corpo mortal partira feliz
Como flores na sombra de um velho carvalho
Tocadas levemente pela brisa de uma tarde qualquer…
(E não voltem melancólicos para casa , pois se não eu vou voltar para puxar os pés de vocês…)