Senhora, eu trago as horas já fanadas,
E a mágoa que no peito inda viceja,
Por amar-te tanto às madrugadas,
Minh\'alma de saudade lacrimeja.
São teus olhos uns clarões de alvoradas,
Onde uma lua sem termo inda adeja;
E a face, de molduras delicadas,
És como o lírio que o vento beija.
O teu semblante de poente pulcro
Em vésperas de noite luminosa
Me fazes esqueceres o sepulcro.
As tuas mãos, de seda, me envolvendo,
Lembravam a doçura de uma rosa
Que beijastes o orvalho florescendo...
Thiago Rodrigues