Bingus McBongus

O Príncipe e o Bosque

  Após longa jornada à sua terra natal, a nobre figura encontra-se ansioso para rever seu velho lar. Chegando a um velho bosque, cavalga com seu adornado equino, sem olhar ao arredores esverdeados. Tamanhas preocupações são, aos poucos, abafadas por um chuvisco que se inicia suavemente, tornando, paulatinamente, o ambiente mais úmido e frio, envolvendo-o com névoas rasteiras.
  O príncipe, com suas vestimentas fartas, começa a amenizar sua pressa, deixando o trote de seu cavalo mais lento e calmo, apenas para apreciar o entorno, estranhamente belo. Em uma briga constante entre o verde-louro das árvores e o cinza oscilante da garoa, o membro da realeza vê-se em um sentimento novo, indescritível, o qual só pode ser entendido por aqueles que o sentem. Tal sensação, toma a mente do sujeito, que, agora, não mais se preocupa com a chegada ao reino, tampouco com qualquer outro pensamento, que não seja a chuva que brilha em simplicidade a sua volta.
   O jovem, como se bebesse litros de rum, não consegue se preocupar com mais nada, e, sem soltar uma única palavra, retira sua capa de pele, deixando-a em cima de seu companheiro de viajem. Andando sobre o barro da estrada, assenta-se em uma rocha no limite do bosque com o trajeto, visando ao sentir da queda d\'água com mais precisão; visando ao sentimento tão simples de se apreciar aquela pintura natural, aquela música cujo ritmo é suserano à qualquer regra sinfónica do mundo humano.

    Uma maré de questões envolvem a mente do príncipe: será que há ouro mais precioso? Será que há diamante mais belo? Será que há algo que importe mais do que assistir tal nimbo? A resposta era clara.
   Quando as gotas de água celeste cessaram, deixaram apenas o orvalho e um ensinamento oblíquo a uma mente ignorante.