Antonio Luiz

O amor de coisas que murcham

os ramalhetes, tão ternos e orvalhados

reunidos nas manhãs do mês de maio

perdem o viço após o segundo domingo

quando oferecidos por amor àquelas mães

que os aguam felizes nos vasos das salas

 

as rosas colhidas nas tardes de agosto

que tanto alegram os meus e outros olhos

ainda que regadas com lágrimas paternas de amor

perdem depois, de si, todo e qualquer frescor

 

o conjunto de flores das fúnebres coroas

desperdiçado, ao olhar que já nem mais está lá

resseca serenado antes do amado plantado defunto

 

e a pétala dos amantes, entre as folhas dos livros

guarda úmidos beijos, emurchecida, como se fala

 

é que flor de amor, molhada, murcha, como o falo

 

-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 07/10/23 --