METAMORFOSE
Chico Lino
Nasce a rola
Seu ninho de capim
Tecido por mãos carinhosas
Ela cresce
Cria de seu ninho modesto
Aspirações gigantes
Chove, chove, chove
O verão aproxima-se
De sua vidinha modesta
É chegada a hora de voar
Nos seus voos
De pequena ave
Descbre o desejo das alturas
Transforma-se em águia
E voa...
Agora com mais energia
Sobrepondo-se
Dos ínfimos rochedos
Aos mais altos píncaros
Lá, ela, agora da rapina
Plaina majestosa
Com toda potência de sua raça
Sopram ventos frios
Ela sente saudades
Do seu ninho de capim
E das mãos que o teceu
Quer voltar
Mas já não é simples rola
Na impossibilidade
De voltar e rever as mãos tecelãs
Do seu berço
Ela sofre, chora e sofre
Mas não deixa que vejam
As lágrimas correrem
Na sua majestosa plumagem
Mesmo cravada
De dolorosos sentimentos
Ela continua imperando
Imperando a espera
De que outra rola
Metamorfosee-se
- In Poético ou Patético, 1980