Jose Kappel

Portas Sombreadas

 

 

Eu posso ter tudo julgando que tenho tudo
que quero. Se eu acho que possuo tudo, então
tenho as coisas que quero.

Se eu perco no caminho algo de precioso.Apenas disfarço e sigo em frente.

Magoado e triste. Mas vou de cabeça
erguida. Mas fervente!

Tenho o que posso.
O que não posso julgo que tenho.

Além das Portas Sombreadas
vive o outro eu.
Cáustico, enigmático, diápaso,
conivente com o humano e com as
bordas dos corpos que me
outorgam algum calor.

Se meu tempo já passou.
Ele passou. Esquece.

Não torture os olhos com
lágrimas.
Viva cada dia,esperando a noite
e dentro da noite se pronte
para esperar seu novo raiar.

Ilusões à parte, não sou feliz
assim. Mas me acomodo assim.

E tenho o que posso
e as que não posso,
finjo de barbatanas
bem afiadas, que além
de uma montanha, existe
outra. E fica elas
por elas.

Mas, pensando bem...
não sou tão feliz assim.
Mas um dia serei no
toque de pele e mãos, que 
me  abranda um violão.