Eu posso ter tudo julgando que tenho tudo
que quero. Se eu acho que possuo tudo, então
tenho as coisas que quero.
Se eu perco no caminho algo de precioso.Apenas disfarço e sigo em frente.
Magoado e triste. Mas vou de cabeça
erguida. Mas fervente!
Tenho o que posso.
O que não posso julgo que tenho.
Além das Portas Sombreadas
vive o outro eu.
Cáustico, enigmático, diápaso,
conivente com o humano e com as
bordas dos corpos que me
outorgam algum calor.
Se meu tempo já passou.
Ele passou. Esquece.
Não torture os olhos com
lágrimas.
Viva cada dia,esperando a noite
e dentro da noite se pronte
para esperar seu novo raiar.
Ilusões à parte, não sou feliz
assim. Mas me acomodo assim.
E tenho o que posso
e as que não posso,
finjo de barbatanas
bem afiadas, que além
de uma montanha, existe
outra. E fica elas
por elas.
Mas, pensando bem...
não sou tão feliz assim.
Mas um dia serei no
toque de pele e mãos, que
me abranda um violão.