Hoje, saí de casa.
Arrumei a cama e coloquei todas as minhas roupas favoritas em uma bolsa, inclusive aquela blusa florida com mangas longas que eu tanto gosto. Fiz meu último “show” debaixo do chuveiro, cantando o meu ‘top’ 10 das clássicas da Beyoncé. Me olhando no espelho, passei 10 minutos tentando definir os meus cachos. Como rebeldes que são, não quiseram cooperar comigo. Percorri a cozinha e vi que não havia torneiras ligadas e nem o fogão estava soltando gás (espero que eu esteja certa, sou tão esquecida!). Olhei para as paredes pela última vez, com a incerteza se aquela era uma decisão correta, mas com um impulso corporal, quase como uma memória muscular, forçando minhas articulações a cruzar aquela porta.
Saí, e penso que não volto mais.
Agora você está pensando que sou radical e que eu poderia, ao menos, ter te dito adeus, mas saiba que, por muito tempo, deixei vários bilhetinhos de despedida na esperança de que você os lesse e percebesse que, a cada dia, uma parte de mim se despedia gradualmente de sua presença, e não permitisse mais minha fragmentação. Como se eu fosse uma estátua de barro que, com a ação do vento, vai se desfazendo gradualmente em grãos de areia.
Enquanto houver estrada, irei caminhando, sempre em frente!
Não se preocupe! Seja feliz!