Jose Kappel

Colisão de Ausências

 

 

Sou parte da nesga,
que constrói o desespero,
o início e o fim
das coisas perenes.

Formo a angústia da espera.
Torno o tempo escasso
e volátil.

Sou pária em seus braços e
colisão da ausência.

Sou texto familiar,
moinho espanhol,
palha dos mendigos.

Meu caminho é pedrado de
dúvidas, é
rota de colisão
com a ânsia e a solidão.

Sou administrador de 
saudades. 
Sou senhor de
todas as abadessas,
donas do prazer
enigmático.

Sou plantonista dos 
sem fins,
dos sem causa,
e sem sombra.

Moro à bessa,
a beira de um rio,
onde falha a segurança,
e brinco de vida e morte
com os fantamas dela.

um caso especial -
sem moralidade !

Meu sol não acende
mais minha vida, e a lua
é quadro lastimoso,
estático,
que não inspira  coisas
de amor,
mas só levanta o pó
dos tropeiros da guerra.

Agora, em minha vida é
hora para caminhar entre
arranhos e 
desesperos,
e nadar no vazio
das almas ocasionais.

À você fica o abraço querido:
quando da próxima vez a nos ver,
trás um pouco de amor,
e um formidável abraço
de acalanto e
um beijo para as
lembranças dos feridos.

*

molha chuva,

molha nós dois,

e nos faz ruídos

do curvo amor.