Parece poesia!
Passeia no escuro
Padece de sonhos
Parece equívoco
Aquilo que somos
Como náufrago
Resgato garrafas
Teu corpo me arrasta
Por ondas densas
Não sei o que pensas
Quando pensa em nós
Parecem escritos perdidos
Os tais pergaminhos
Parece caminho
O estreito portal
Parece prosa
As coisas que conto
Traços retas e planos
E ponto final
Se isto lembra poesia
Me dê um sinal…
Parece rocha
Tem gosto de sal
Ingênuo mistério
Dos teus hemisférios
Escorrem raras e finas paletas
Agridoces
As lágrimas em pares
Lembram pingentes de cristais
Meus lábios secos
Sedentos sorvem
Parecem insensatos
Incansáveis famélicos
A fluidez dos anos
Traz nuances de carinho
Carência de quem vive
Sozinho
Parece um poema!
Lembra e tem cheiro de poema em estado líquido
Que escorre por entre os dedos
A procura por outros relevos…
É sobre o que penso ou reconheço.
E a poesia vai!