Quem enxergará teu rosto matinal
ao tempo em que meus olhos cegarem
quando minha alma já não estiver mais lá?
Quem enxugará tuas lágrimas
das noites tristes em claro
junto na cama ao teu lado
quando minha alma já não estiver mais lá?
Quem percorrerá pelas paisagens da tua pele
nas rotas e desvios por minhas mãos mapeadas
quando minha alma já não estiver mais lá?
Quem te roubará as tardes de maio
em que enfeitas teus cabelos dourados
salpicados e listados de sol
quando minha alma já não estiver mais lá?
Quem acompanhará os minutos a te abraçar
conservando a menina que só conheci em retratos
quando minha alma já não estiver mais lá?
Quem sussurrará às cavidades dos teus ouvidos
aquelas tantas palavras criadas pra expressar
o que em nenhum verso ou poesia consegui colocar
quando minha alma já não estiver mais lá?
Quem te sorverá o aroma das flores exaladas
que perfuma meus sonhos despertos
quando minha alma já não estiver mais lá?
Quem te conhecerá as lembranças
rastros das minhas tantas cumplicidades
que rodearam o amanhecer das tuas tardes
quando minha alma já não estiver mais lá?
O que será de ti em mim
quando minha alma comigo já não estiver
mais nem aqui, nem ali ou muito menos lá?