joaquim cesario de mello

QUANDO MINHA ALMA JÁ NÃO ESTIVER MAIS LÁ

 

Quem enxergará teu rosto matinal

ao tempo em que meus olhos cegarem

quando minha alma já não estiver mais lá?

 

Quem enxugará tuas lágrimas

das noites tristes em claro

junto na cama ao teu lado

quando minha alma já não estiver mais lá?

 

Quem percorrerá pelas paisagens da tua pele

nas rotas e desvios por minhas mãos mapeadas

quando minha alma já não estiver mais lá?

 

Quem te roubará as tardes de maio

em que enfeitas teus cabelos dourados

salpicados e listados de sol

quando minha alma já não estiver mais lá?

 

Quem acompanhará os minutos a te abraçar

conservando a menina que só conheci em retratos

quando minha alma já não estiver mais lá?

 

Quem sussurrará às cavidades dos teus ouvidos

aquelas tantas palavras criadas pra expressar

o que em nenhum verso ou poesia consegui colocar

quando minha alma já não estiver mais lá?

 

Quem te sorverá o aroma das flores exaladas

que perfuma meus sonhos despertos

quando minha alma já não estiver mais lá?

 

Quem te conhecerá as lembranças

rastros das minhas tantas cumplicidades

que rodearam o amanhecer das tuas tardes

quando minha alma já não estiver mais lá?

 

O que será de ti em mim

quando minha alma comigo já não estiver

mais nem aqui, nem ali ou muito menos lá?