Preciso intensamente
das horas;
elas me impulsionam,
me faz grato
e sobretudo sagaz,
pois sem ela, não vivo.
É hora prá cá, é hora
pra lá. Toda hora é minha
hora.
E são tantas que
não sei o que fazer
com o emaranhado de minutos
e segundos que me atordoam.
Mas as horas me perseguem -
como um estinlingue atiça um
pássaro .
Se me guardo, não sei quantas horas
são. Não sei como medi-las.
Por serem inconstantes, uma hora
é assim, outra hora é diferente.
Mas sei que elas me perseguem:
não sou corredor de pista
veloz, nem autódromo
de crianças,
nem cronômetro de espartilhos,
nem vela que acalenta o morto.
Por isso as horas são
para mim,
ao mesmo
tempo, texanas e, outras,
vindas do Cabo das Tomentas.
E se me perguntarem as horas
já não vou saber:
meu relógio só marca profundidades -
e posso naufragar até 50 metros!
Bem, as horas estão passando
pro lado de cá.
E lá, uma coisa
me ensinaram:
pra amar não tem hora:
é só chegar bem na hora!
Mas isso é outro assunto
prá outra hora!
Mas é hora de ir.
Senão for, me perco nos
minutos
e me tonteio com os segundos.
Fiquei tonteado no tempo,
esperei por ela
um monte de horas,
e tudo virou segundos,
e no final, minha hora
foi parando.
Perdi meu amor
por causa do tempo
que deu justa causa
a um intrometido,
outro dengo,
cheio de outras horas,
que ela achou.