POEMETO SAFADINHO
O vigia com mania de nostalgia dizia:
Eu sou do norte, sou forte, ói meu porte! Mas não se importe
Irmão da madrugada, desnudada, excitada,
Que a lua nua é toda sua. Usufrua!
Porém, não exagere, não se desespere, prospere.
Que a noite é vasta, é casta, isto basta!
Ame-a, proclame-a, chame-a
De gostosa, formosa, dengosa, fogosa
Que ela não resistirá, delirará, se extasiará.
Aproveite, deite, deleite,
Que o frio sombrio traz cio.
E cheio de apetite, não hesite, nem evite! Acredite!
Ela te deseja, peleja, graceja. Veja!
Copule-a neste instante estonteante, pujante,
Que o mar, o quasar, o céu estrelar
E os astros planetários, lendários, solitários
São seus espectadores, cheios de amores e dores.
E depois do orgasmo, tu pasmo,
Verás que a lua alteia e estua, e o ventre não se menstrua.
Então a platéia envolvida, observará comovida
Quão singelo, cristalino e belo
É o doce mistério da vida!
Marcos Valério de Souza