... poeta do cerrado ... Luciano Spagnol

Soneto do cerrado abafado

Quem ateou este sedento chão do sertão

Nesta aridez que nunca mais se apaga?

E para que o planalto com está sua saga

De severo tempo, de sede, de sequidão?

 

Quem pintou em tom de cinza, desolação

Sentido na toada, de tonalidades pesadas

Num pôr do sol no horizonte vermelhadas

Amarrotando a vereda em ardida vastidão

 

E, o vento abrasado, e a vegetação aflita

Sol a pino, nuvens no céu que desbotou

Aquentando o verso com cálida pulsação

 

Quanto calor, e o craquelado na escrita

Um empoeirado que da terra desgarrou

Abafando o cerrado com agre sensação.

 

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

22 setembro, 2023, 12’12” – Araguari, MG

 

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