Olhar viajante
Ema Machado
A beleza contida em mim
Em tudo que consigo captar
São ínfimos detalhes
Que só alma poeta consegue enxergar
Há orvalho da manhã por sobre as pétalas das flores
Lágrimas da noite e do luar
A brisa que alisa os pelos
E a mesma, que vem com folhas brincar
O passarinho fofoqueiro
De pique esconde vive a caguetar
Bem-te-vi! Diz o matreiro ao longe
Ou bem pertinho, pra se mostrar
Lá, no sinuoso horizonte
Languidamente deitada jaz a serra, tendo ao lado íngreme monte
Não se importam com a peleja
São duros senhores, têm tempo
Um casebre ou outro, por vezes, despejam…
A noitinha, estrelas piscam
ao longe
Furam o manto negro da noite
Para espiar, terra, mar e fontes
Chegar ao universo, quisera eu
Poder construir uma ponte
Que me levasse ao Criador
Agradeceria pelo amor
Que percebo a cada instante
Bendita, seja a beleza!
Que capta meu olhar viajante…