Maria do Socorro Domingos

FOLHAS SECAS

 

Aquela folha que hoje está ao léu
Ontem estava presa a uma árvore!
Era tão bela, de cor verde suave...
Até pensava que vivia no céu.

Era irônica... Tinha a alma mesquinha!
E olhava as outras, agora, já murchando...
Que elas caíssem, vivia esperando,
Porque queria ficar ali sozinha.

Mas veio o tempo implacável, imparcial...
Folhas caíram... Outras folhas nasceram,
E todas elas logo compreenderam,
Que aquele ciclo da vida era normal.

Porém, a folha insensível, presunçosa,
Que não percebeu, das outras, a desventura,
Também murchou... E, cheia de amargura,
Teve uma queda deveras perigosa.

Não ignores as outras criaturas!
Não queiras para ti a solidão...
Porque a folha que hoje está no chão,
Também um dia já esteve nas alturas.

 ( Maria do Socorro Domingos)