Victor Severo

Inveja.


Tecendo sua teia para a mortalha alheia.
Alimenta a matilha, que do seu ódio é filha.
Dos vis, filha dileta, podre ferida aberta.
Seu toque embrutece, tudo que é bom fenece.
Com fedor de carniça, tua vida cobiça.
Sinistra e ardilosa, esconde em sua prosa.
Licor envenenado, de néctar disfarçado
Espalha sorrateira, sua peçonha certeira.
Tramando amiúde, minando a saúde.
De quem se aproxima, sempre a fingir estima.
Dizendo-se boazinha, coitada, pobrezinha.
É tudo falsidade, uma insana maldade.
Nas trevas se disfarça, cortina de fumaça.
Inveja, a virulenta, que todo o mal fomenta.

Victor Severo