Quando eu morrer
vou pro céu da minha mãe
onde os anjos brincam
como se fossem crianças
voando em asas imaginadas
No céu da minha mãe
as noites são sempre claras
iluminadas de azuis azulados
que têm o tamanho alongado
e interminável da eternidade
No céu da minha mãe
não existem paredes nem portas
tudo é tão aberto e destampado
que não há segredos ou mistérios
sequer luxúria ou qualquer mínimo pecado
No céu da minha mãe
todos os dias parecem ser dias de maio
e de vez em quando você se esbarra
com Santo Antônio segurando o Menino Jesus
que lhe consola no colo dos seus braços
No céu da minha mãe
não há feriado de finados
velórios, cemitérios ou funerárias
e na mesa de jantar da casa
todos estão vivos
assim como estavam no Natal
em que eu era criança
e Papai Noel só nos visitava
enquanto estávamos dormindo
durante o meio da madrugada
Quando eu morrer
vou pro céu da minha mãe
onde não existe relógios
e o tempo lá nunca passa ou acaba