Não há outro lugar
ou outro momento,
na vastidão do espaço-tempo,
no qual eu preferiria estar,
senão aqui e agora,
rumo à singularidade do maior buraco negro supermassivo
conhecido pelo homem
O monstro que devorará os meus últimos lampejos de esperança
e me deixará no desolador breu do incompreensível
Alguns diriam ser uma missão suicida,
já eu vejo a oportunidade perfeita de
ressignificar a minha vida
À medida que me dirijo ao abismo onde jaz
toda e qualquer expectativa mundana,
deixo para trás tudo o que acredito saber sobre
o mundo e mim mesmo, juntamente com meus medos, inseguranças,
incertezas e vícios
Levo comigo apenas a fé na renovação resultante
da completa destruição de quem penso ser
Todo conhecimento científico adquirido,
testado, retestado, reformulado, disseminado
e aplicado através dos séculos será reduzido a
algo menos que poeira cósmica
Os átomos do meu corpo encontrarão o mesmo fim
Nada sobrevive à imponência do desconhecido
O horizonte de eventos foi ultrapassado
A partir daqui não tem mais volta
Venha o que vier!
E assim, num piscar de olhos, Rumi torna-se mais relevante do que Einstein
O intelecto nos permite atravessar as fronteiras das galáxias,
mas se quisermos compreender o que está além do ponto de não retorno,
precisamos seguir a nossa intuição!
Então, quer saber o que existe do outro lado do buraco negro?
Errou feio quem chutou algo teorizado pela astrofísica...
Do outro lado, eu realizo milagres com a graça concedida
pela incorporação da verdade última:
O tempo é uma construção mental
O eterno agora é tudo o que há
Do outro lado, a incursão ao vale da sombra da morte
me recompensa com uma aliança entre as vontades da minha alma
e a irrevogável divindade do meu Eu Superior
Do outro lado, existe apenas o Eu Sou