No Amor,
Entre a prática e a teoria,
Há uma distância imensa,
Muito mais do que a gente pensa ou desejaria,
Muito mais do que nossa vã filosofia,
Seria uma estratégia ou uma tática,
Demonstração de sabedoria?
Uma inofensiva alquimia,
Uma pretensa ciência,
A evidência de uma utopia,
Talvez o fruto da inexperiência,
Ou quem sabe uma apologia para a sua falta de ousadia,
Na presença da impotência a castidade não é uma virtude,
O amor celebra a saúde,
Pois quem ama, não se engana
Criar fama e se deitar na cama,
E não deixar que se apague a chama,
Mas as vezes ninguém sabe,
Das armadilhas que preparam a vaidade,
Essa tendência ao drama e a desigualdade,
Uma pitada de incoerência,
Achaques da humanidade,
Entre a prática e a teoria,
Há uma licença poética,
Vai de declamar poesia,
Simples ciência alfabética,
A estudar trigonometria,
Uma solução aritmética,
Que qualquer pessoa cética,
Sem dúvida me diria,
Que não há razão na paixão,
E que qualquer amante duvidaria
Que nas coisas do coração,
Há exatidão ou certeza,
O Amor não é só a pureza,
É meio atração, meio safadeza,
Quem ama tem que amar,
Amor tem que se praticar,
Sem ouvir mestre, guia ou doutor,
São só conselhos de castos mentores,
Que nunca sofreram de amores,
E não entendem nada de amor...