Que seria de mim
Se não ouvisse o som do cuitelinho,
Seu trino de alegria, seu soluçar baixinho,
O ruflar de suas asas ... Seu canto de amor?
Se eu não me enternecesse com o cair da tarde,
Com a brisa que sussurra sem fazer alarde,
Com a súplica constante de um pobre sofredor?
Eu seria apenas um ser em agonia!
Uma pedra, um sepulcro... Lápide vazia,
Alguém sem sentimentos ...
Sem eco... Sem calor!
Eu não entenderia que a vida, na verdade,
É feita de esperanças... Do sonho que me invade
Para fazer de mim porta-voz de um trovador!
Maria do Socorro Domingos