RIO PIRACICABA
Nasci junto ao Mercado,
longe da rua do Porto. Mas o encanto
da minha infância foram cheias e vazantes,
piracemas e encontros do Divino.
O canto poderoso das águas
galgava a colina, inundava a madrugada
e me embalava o sono.
Parti, cumprindo o meu destino.
Noites, anos, recordei, grave e perfeito,
o murmúrio do salto na distância.
Volto, busco o marulho das águas
que ainda ouço em sonhos... Mas, que pena!
A voz do rio não mais vence as ladeiras.
A cidade cresceu, trepidante?
O rio definhou, maltratado?
Meus ouvidos se embotaram?
Tudo isso, e nada disso.
É que o ontem se foi, a vida passa.
Não faz sentido perseguir seus ecos!
Visito o rio, sempre um velho amigo.
Da úmida margem ouço bem seu canto rouco,
e juro eterno amor ás aguas crespas.