Levy

Maré de terra

No vão da velha porta, 

Mora a esquina das flores mortas, 

A grama é verde mas não se toca, 

Ladra o cão e o ar sufoca. 

 

No vão da velha porta, 

Mora a minhoca na sua toca, 

Range os dentes e bota a bota, 

O pão é duro mas o troco sobra. 

 

Gira o trinco de fininho, 

E o cego só ouvindo, 

A minhoca sempre sorrindo, 

Tranca a mente no domingo. 

 

Gotas caem e molham o rosto, 

Rosto cai e inunda desgosto, 

Minhoca cava buraco novo, 

Lágrimas saem de pouco em pouco. 

 

Ciclos ciclam mas não se engane, 

O tempo chega até no Megane, 

Mar de terra é asfixiante, 

Elói, elói, lamá sabactani?