O que dirão quando me virem andando por ai
Roupas rasgadas, pele encardida
O príncipe dos mendigos!
Um filósofo!
Não nasci para tanto pensar!
Gosto de sonhar, de olhar
De ouvir
Gosto dos sons que do passado reverberam em mim
Gosto das cidades e das serras
Das flores e mirantes expandidos
Gosto de pássaros
Gosto dos mortos, das suas crenças
Gosto das igrejas e dos casarões
Com seus devidos fantasmas
Gosto das ruas e das escadarias, Viajo nas cores que sempre tendem para o azul
O que dirão quando me virem repousando sob a marquise de uma construção tombada, Um felizardo, sem eira nem beira
Sonhando com vilas velhas
e herói com ideais libertários
Gosto de andar sobre os paralelepípedos
e imaginar os suores derramados
para cada pedra posta neste árduo
calçamento
Sou assim! Esta tríplice fronteira: ausente, presente, pretérito.