Alvaro dos Reis

O grito do Crepúsculo matutino

 

Em cálidas noites

e nas madrugadas sombrias

em que a minha alma vagueia

como a nuvem miúda ao favor do vento

eu sou a folha verdejante das tuas raízes…

 

Depois paro,

penso e reflito num instante fugaz

como o raio que cruza o horizonte

estou só, totalmente só na solidão do mundo

com meus delírios de imaginar-te somente

deitada em meus braços em noites perenes

 

Mas logo que se passa esse acidente

contemplo-me pálido tal como um observador distante

eis que estou ali, parado

e todos os sentidos ausentes

 

O coração acelera e dilacera

um despertar de pavor dos seus subúrbios

esse chamanculo que prende os meus gritos

assédia-me a morte por amar-te 

então grito alto o teu nome: Cecília…

Cecília… Cecília…

e o chamanculo desperta

e é já outro dia…