Carlos Lucena

DECREPTUDE

DECREPTUDE

Ah, eu não quero que ela chegue
Mesmo que ela chegue.
Eu não quero
Seu beijo
Nem seu abraço
Não quero seu olhar
Nem a paralisia
De sua eficiência
Nem a catalepsia
De sua incoerência .
Eu não quero ver o limbo de nuvens furtivas
Nem o pálio 
das névoas fugitivas.
Eu não quero a riste 
das células paralisadas 
Nem a violenta 
Paz correndo em veias congeladas!
Não me apraz a ideia 
do outro lado
E não me agrada
A poesia que o seu rosto faz
Prefiro daqui o fardo
Que a incerteza
Que sua certeza traz.