Arlindo Nogueira

SALVE O DIA DOS PAIS

Àquela cadeira de balanço vazia

É um acervo duma linda história

Do homem forte que foi embora

Que há muitos anos sentava nela

Ao pôr do Sol ele fazia sentinela

Do crepúsculo desenhava o breu

Fitos fugidios desde que nasceu

Vigiava o mundo naquela janela

 

De mãos grossas e veias saltadas

Sua imagem parece estar presente

Mas é miragem você já é ausente

Fato que transcende a própria vida

Os filhos tecem lembranças puídas

Fundamentos deixados de herança

Extrato dos créditos desde criança

Somas de amor e lutas construídas

 

E tudo passa como as águas do rio

Que no curso do leito foge pro mar

Nas ondas da vida rema sem parar

Só deixa um aceno na beira do cais

E pela imensidão do oceano se vai

Tal qual as águas que vão passando

Meu velho também se foi andando

A ele e a todos salve o dia dos pais