Àquela cadeira de balanço vazia
É um acervo duma linda história
Do homem forte que foi embora
Que há muitos anos sentava nela
Ao pôr do Sol ele fazia sentinela
Do crepúsculo desenhava o breu
Fitos fugidios desde que nasceu
Vigiava o mundo naquela janela
De mãos grossas e veias saltadas
Sua imagem parece estar presente
Mas é miragem você já é ausente
Fato que transcende a própria vida
Os filhos tecem lembranças puídas
Fundamentos deixados de herança
Extrato dos créditos desde criança
Somas de amor e lutas construídas
E tudo passa como as águas do rio
Que no curso do leito foge pro mar
Nas ondas da vida rema sem parar
Só deixa um aceno na beira do cais
E pela imensidão do oceano se vai
Tal qual as águas que vão passando
Meu velho também se foi andando
A ele e a todos salve o dia dos pais