HORIZONTE CURVO
Chico Lino
Tem um homem sentado
No banco central da praça
Tem uma posição
Que a todos atrapalha
Quando vem chegando alguém
Se espalha
O homem do banco
Não permite a ninguém
O descanso
Diz ele: quem quiser descansar
Tem que pagar com a própria carne
Vende dinheiro
A quem não precisa
Quem não tem como comprar
Improvisa
Tentamos inutilmente
Compreender este mundo
A vida
Seu caos regular
Colocamos na boca
Sem graça
Para disfarçar
Nosso melhor sorriso
Um caminhoneiro
De óculos escuros
Desce do caminhão
Tem uma lanterna acesa
Em sua mão
Com um martelo
Confere dos pneus
A pressão
Tudo normal
Não fosse ardente
Dia de verão
Na trapaça
Blindado em sua torre
Um valete dirige o drama
O cavalo
Em cheque mate
Quer derrubar o rei
Tentando a dama
Todos os jogos
São válidos
Na trama
Dados viciados
Cartas marcadas
Sinais combinados
Nunca mérito ou sorte
A morte
É Norte
E a linha do horizonte
É curva