Deste pouco que não me chega
Dado com muita dó
Lágrima nos olhos
Dor no coração
Suplica implora
Um pedaço de pão…
Barriga vazia
Panela no fogo
Nada a cozer
Água suja barrenta
Boca seca lamenta
Só dou se tu me dá
Eu tenho você não tem
Tu tens e eu não tenho…
Fecha os olhos o sono não vem
Quem tem não há de dá
Quem pode não compadece
A fome é negra
A peste é cega
A morte tá no cozido
A sorte tá no guizado
Mesa farta nada nos falta
Pão,vinho, azeite e cereais
Latas vazia tigelas quebradas
Mazelas de quem não tem nada
Choros de quem só tem migalhas
Um dia a de ter
Outro a de ser perder
Que tem fartura pisa o favo do mel
Ao que tem pouco até o amargo e céu
Coma beba o que sobeja não guarde
Mais o que comer?
Muito mal temos água para beber…
Uma medida de trigo, por uma moeda de prata
Uma jornada de trabalho, por uma vida ingrata
quem dera que os celeiros estivesse lotados
Os cântaros cheios
E os vasos de azeites a derramar…
Havia Fartas colheitas
Uvas e tâmaras seca
Mas quem tem não compadece
E assim Sofrem os Que padece
Mas a fome é negra
Barriga vazia quer saciar
Que pede qué encontrar…
Quem tem será dado
Quem não tem será sempre humilhado
Quem pede quer encontrar
Quem tem não quer dá
A fome é negra e mata sem dó
Barriga vazia as tripas dão nó
C.Araujo