Charles Araújo

SÚPLICA

 

Deste pouco que não me chega

Dado com muita dó

Lágrima nos olhos

Dor no coração

Suplica implora

Um pedaço de pão…

 

Barriga vazia 

Panela no fogo 

Nada a cozer 

Água suja barrenta 

Boca seca lamenta

Só dou se tu me dá

Eu tenho você não tem 

Tu tens e eu não tenho…

 

Fecha os olhos o sono não vem 

Quem tem não há de dá

Quem pode não compadece 

A fome é negra 

A peste é cega 

A morte tá no cozido 

A sorte tá no guizado

 

Mesa farta nada nos falta 

Pão,vinho, azeite e cereais

Latas vazia tigelas quebradas

Mazelas de quem não tem nada 

Choros de quem só tem migalhas 

 

Um dia a de ter 

Outro a de ser perder 

Que tem fartura pisa o favo do mel 

Ao que tem pouco até o amargo e céu

Coma beba o que sobeja não guarde

Mais o que comer?

Muito mal temos água para  beber…

 

Uma medida de trigo, por uma moeda de prata

Uma jornada de trabalho, por uma vida ingrata

quem dera que os celeiros estivesse lotados

Os cântaros cheios 

E os vasos de azeites a derramar…

 

Havia Fartas colheitas 

Uvas e tâmaras seca

Mas quem tem não compadece

E assim Sofrem os Que padece 

Mas a fome é negra 

Barriga vazia quer saciar 

Que pede qué encontrar…

 

Quem tem será dado 

Quem não tem será sempre humilhado 

Quem pede quer encontrar 

Quem tem não quer dá

A fome é negra e mata sem dó 

Barriga vazia as tripas dão nó

 

C.Araujo