Jucklin Celestino Filho

DIÁLOGO COM UMA CAVEIRA

 

O crânio macilento de uma caveira me fita, como a me pedir socorro! Assustada reclama: 0s germes querem beber meu sangue. Mas , não há mais sangue. Querem comer minha carne.Não há mais carne.

Ela olha-me apavorada.Como se eu fora um bicho faminto, a devorar outros bichos. Insiste no olhar assustadiço, como se dissesse: foge de mim, monstro, com sede insaciável por sangue! Me sinto desnudo.Expostas minhas culpas.Essa minha avidez por carne me iguala aos mais temíveis predadores .Sei, não me iludo. Sou caça e caçador.

A caveira me saúda. Breve, virá se juntar a mim: Será caveira também! - exclama.