Hébron

Soneto do poeta abstinente

 

da inspiração, sofro a abstinência
a dor do poeta, cor do vazio
nada sou sem letra, um baldio
errante sem estrada ou destino

 

vibrante a desrima, o desatino
a perdição da falta de um verso
nessa escuridão eu fico submerso
a frase inexistida, minha penitência

 

a palavra muda, verbo que não muda
quero a criatividade que me desnuda
em cada detalhe de qualquer impossível

 

nessa ilusão aflorada em tom indescritível 
de um nada o todo surge num desespero
quero a escrita plena de um poeta inteiro