DE DENTRO PARA FORA
Tudo que penso são metáforas
E elas me dão a exagerada delicadeza da ternura
Esculpida no caule das anáforas
E do hiperbólico
Fardo da loucura.
Assim, me vem também
A clareza ou a escuridão
de uma síntese
Que pode me deixar agitado mas com desdém
E assim sendo
invento a antítese.
Me vejo diante da prosopopéia
A personificar
o que eu faço existir
Pois quanto mais fujo da ideia
Mas a figura
está a me perseguir.
E trago a metonímia
cravada em minha mão
Não sei se dispenso
ou se acolho a analogia
Porque a símile
Causa perturbação
Enquanto que o análogo também evoca sinestesia.
Também encontro a elipse
E esta omissão
me causa certa agonia
Porém eu venço com a silepse
E eu brigo,
como em guerra eu luto
Sou paráfrase de um tema
Ou a confusão de um anacoluto
E pode tudo isso ser anátema
No entanto, tudo isso, mesmo que seja apenas euforia
Cabe dentro da poesia!