Carlos Lucena

DE DENTRO PARA FORA

DE DENTRO PARA FORA

Tudo que penso são metáforas
E elas me dão a exagerada delicadeza da ternura
Esculpida no caule das anáforas
E do hiperbólico
Fardo da loucura.
Assim, me vem também 
A clareza ou a escuridão 
de uma síntese 
Que pode me deixar agitado mas com desdém 
E assim sendo 
invento a antítese.
Me vejo diante da prosopopéia 
A personificar 
o que eu faço existir
Pois quanto mais fujo da ideia 
Mas a figura 
está a me perseguir.
E trago a metonímia 
cravada em minha mão
Não sei se dispenso 
ou se acolho a analogia
Porque a símile
Causa perturbação 
Enquanto que o análogo também evoca sinestesia.
Também encontro a elipse
E esta omissão 
me causa certa agonia
Porém eu venço com a silepse 
E eu brigo, 
como em guerra eu luto 
Sou paráfrase de um tema
Ou a confusão de um anacoluto
E pode tudo isso ser anátema 
No entanto, tudo isso, mesmo que seja apenas euforia
Cabe dentro da poesia!