Hoje é dia de festa,
todo mundo se confundindo
com amores e passas.
Hoje é dia de festa,
dos gordos comensais,
e dos definhados colossais
lá na estrada dos Pinherais.
Cada um vai levar
uma canção,
outros, meio-deuses,
levarão cifões de vinho.
Uns levarão a mulher, outros
a mulher do próximo e, muitos
outros, mulheres adultas,
avulsas e comedidas.
Hoje é dia de festa
e pra começar
já estou indo,
ao lado dela,
bem vestida de cachemira,
numa revoada alada,
bronzeadas de saia
feita com arroz doce.
Pois não sou mais seu amor:
sou seu fim - que nem história teve.
E nenhum coração conquistou,
mas vou atrás dela
que me roça o rosto com
avidez de talco morno.