Assim
Escolhi o deserto
Sem esperar miragens de novidades
No deserto ouço o silêncio
Ouço a mim mesmo o tempo todo
Sinto o mormaço da calmaria
O exaustivo cotidiano constante
Eu que fora romântico um dia
Como um estrangeiro vestido de bermudas
E pele festivamente tostada
Até o dia que chegando ao portal da caverna
Tive meus olhos ofuscados
Pela claridade da luz do sol do mundo
Então as cores ficaram mais claras
De tonalidades mais escuras
E vi melhor
Pelo menos eu quis ver assim
Deixei que a pele sôfrega e impermeabilizada,
Envolvesse o coração
E foi tão bom
Um surto ou outro de febre
Parecia trazer de volta a enfermidade
Mas agora só me restam reminiscências felizes
A vastidão do deserto e o resto do meu tempo
Em silêncio e sem curiosidades...