Marçal de Oliveira Huoya

Semi Àrido

Assim

Escolhi o deserto

Sem esperar miragens de novidades

No deserto ouço o silêncio

Ouço a mim mesmo o tempo todo

Sinto o mormaço da calmaria

O exaustivo cotidiano constante

Eu que fora romântico um dia

Como um estrangeiro vestido de bermudas

E pele festivamente tostada

Até o dia que chegando ao portal da caverna

Tive meus olhos ofuscados

Pela claridade da luz do sol do mundo

Então as cores ficaram mais claras

De tonalidades mais escuras

E vi melhor

Pelo menos eu quis ver assim

Deixei que a pele sôfrega e impermeabilizada,

Envolvesse o coração

E foi tão bom

Um surto ou outro de febre

Parecia trazer de volta a enfermidade

Mas agora só me restam reminiscências felizes

A vastidão do deserto e o resto do meu tempo

Em silêncio e sem curiosidades...