O meu sorriso não tem graça.
Não ameniza dores
Quando os dissabores
Batem-me à porta ,
E minha esperança
De igualdade racial
É morta
Ente a dicotomia infame
Que alcança
Os pobres nas mais
Cruentas necessidades:
Reféns da fome ,
Da perversidade,
Do racismo estrutural
Onde o pobre, o negro,
O mestiço, o mulato,
O índio, o nordestino ,
O coitado do nenino
De rua são espezinhados,
Animalizados , tratados
Como animais
De bruta raça!
O que sucede nesta
Hora que atormenta
A toda pessoa
De bom senso ,
Que tanta infâmia
E covardia não aguenta,
E não compactua
Com a segregação
De irmão contra irmão ,
Filhos do mesmo Pai Celestial,
É que tudo se perde.
A afeição se aniquila!
Todo encanto
Finda no paradoxo de tanto
Ódio irascível e viceral,
Do desamor,
De pessoas hidrófobas,
Demasiadamente xenófobas,
Que odeiam pessoas
Pela sua posição social,
Pela sua cor.
Os mequetrefes racistas,
Mesquinhos e egoístas,
Se embrutecem
Tanto -- e de tanto
Ódio babam, enlouquecem,
Frente àqueles que os têm
Por inferiores,
Por se acharem
Poderosos senhores
A quem todos devem
Culto pessoal
Pela sua avareza --
Esbórnia da riqueza!
Sobra orgulho,
Prepotência, entulho
Das apodrecidas entranhas
Dessas criaturas
Cruéis, medonhas,
Terríveis e perversos animais ,
A qualquer tipo de compaixão
Alheios, cujos corações
São túmulos da maldade ,
A abrigarem nos peitos
Estúpidos preconceitos!...
Excrementos expelem
Pelas bocarras imundas!
Tanta podridão escarram,
Porque de arrogância
Crudelíssima e vagabunda,
Fizeram seus tronos --
Infames tronos
Da ignorância --
Pretensa superioridade
Entre classes, entre raças,
Donde emerge das entranhas
Putrefatas dessa gente
Ruim, cruel, inclemente ,
Um ódio irracional
Àqueles que dos seus
Convívios repelem,
Onde o amor, aniquilam;
A solidariedade, matam,
Passando ao largo do Amor
Do Criador,
Para quem todos são iguais.
Não à imbecilidade!
À maldade
De pretender viver
Nas trevas --
Numa redoma
De superioridade,
Pois todo teu ouro,
Esnobe criatura,
Teu rico tesouro,
Estúpido, não levas
Pra sepultura!
Meu filão de ouro!
O meu tesouro,
É a simplicidade,
A honestidade
De não viver nas trevas
Da consciência pesada!
Teu filão de ouro
De nada presta!
Não vale nada!
Criatura, só te resta:
Rancor e ódio então,
Encravados no teu coração
De pedra,
Onde tudo de ruim medra!
O meu tesouro sim —
Não é de ouro nem de cobre,
Não me cobre
Enfim,
O manto de nobre!
Com simplicidade
E ternura,
Do amor e humildade
Faço meu trono,
Exortando ao mais Sublime
Afeto à humanidade:
0 sacrifício de Jesus
Que dos pecados nos redime,
Que morreu na cruz
Por Amor incondicional
A toda criatura!
Sou pobre, bem sei!
Não me envergonha a pobreza !
Não almejo ouro nem prata!
Somente me compraz, a Lei
De Deus, a quem
Devo render-me.
Pra quê tanto orgulho
E apego à riqueza ,
Ao vil metal vender-me,
0 tendo conseguido
Às expensas da aflição
De alguém ,
Pois toda a avareza
E o racismo espargido
Em doses altas contra outrem,
A afeição
Aniquila, o Amor mata?!