Jucklin Celestino Filho

RACISMO EXTRUTURAL

 

O meu sorriso não tem graça.

Não ameniza dores

Quando os dissabores

Batem-me à porta ,

E minha esperança

De igualdade racial

É morta

Ente a dicotomia infame

Que alcança

Os pobres nas mais

Cruentas necessidades:

Reféns da fome ,

Da perversidade,

Do racismo estrutural

Onde o pobre, o negro,

O mestiço, o mulato,

O índio, o nordestino ,

O coitado do nenino

De rua são espezinhados,

Animalizados , tratados

Como animais

De bruta raça!

 

O que sucede nesta

Hora que atormenta

A toda pessoa

De bom senso ,

Que tanta infâmia

E covardia não aguenta,

E não compactua

Com a segregação

De irmão contra irmão ,

Filhos do mesmo Pai Celestial,

É que tudo se perde.

A afeição se aniquila!

Todo encanto

Finda no paradoxo de tanto

Ódio irascível e viceral,

Do desamor,

De pessoas hidrófobas,

Demasiadamente xenófobas,

Que odeiam pessoas

Pela sua posição social,

Pela sua cor.

 

Os mequetrefes racistas,

Mesquinhos e egoístas,

Se embrutecem

Tanto -- e de tanto

Ódio babam, enlouquecem,

Frente àqueles que os têm 

Por inferiores,

Por se acharem

Poderosos senhores

A quem todos devem

Culto pessoal

Pela sua avareza --

Esbórnia da riqueza!

 

Sobra orgulho,

Prepotência, entulho

Das apodrecidas entranhas

Dessas criaturas

Cruéis, medonhas,

Terríveis e perversos animais ,

A qualquer tipo de compaixão

Alheios, cujos corações

São túmulos da maldade ,

A abrigarem nos peitos

Estúpidos preconceitos!...

 

Excrementos expelem

Pelas bocarras imundas!

Tanta podridão escarram,

Porque de arrogância

Crudelíssima e vagabunda,

Fizeram seus tronos --

Infames tronos

Da ignorância --

Pretensa superioridade

Entre classes, entre raças,

Donde emerge das entranhas

Putrefatas dessa gente

Ruim, cruel, inclemente ,

Um ódio irracional

Àqueles que dos seus

Convívios repelem,

Onde o amor, aniquilam;

A solidariedade, matam,

Passando ao largo do Amor

Do Criador,

Para quem todos são iguais.

 

Não à imbecilidade!

À maldade

De pretender viver

Nas trevas --

Numa redoma

De superioridade,

Pois todo teu ouro,

Esnobe criatura,

Teu rico tesouro,

Estúpido, não levas

Pra sepultura!

 

Meu filão de ouro!

O meu tesouro,

É a simplicidade,

A honestidade

De não viver nas trevas

Da consciência pesada!

Teu filão de ouro

De nada presta!

Não vale nada!

Criatura, só te resta:

Rancor e ódio então,

Encravados no teu coração

De pedra,

Onde tudo de ruim medra!

 

O meu tesouro sim —

Não é de ouro nem de cobre,

Não me cobre

Enfim,

O manto de nobre!

Com simplicidade

E ternura,

Do amor e humildade

Faço meu trono,

Exortando ao mais Sublime

Afeto à humanidade:

0 sacrifício de Jesus

Que dos pecados nos redime,

Que morreu na cruz

Por Amor incondicional

A toda criatura!

 

Sou pobre, bem sei!

Não me envergonha a pobreza !

Não almejo ouro nem prata!

Somente me compraz, a Lei

De Deus, a quem

Devo render-me.

Pra quê tanto orgulho

E apego à riqueza ,

Ao vil metal vender-me,

0 tendo conseguido

Às expensas da aflição

De alguém ,

Pois toda a avareza

E o racismo espargido

Em doses altas contra outrem,

A afeição

Aniquila, o Amor mata?!