A tarde atravessa a rua
e ninguém a percebe
distraídos que estamos
nos pensamentos pequenos
nossos de cada dia
Há quem espere a noite
para sair do batente cansado
tomar um chopp gelado
em um bar qualquer
da esquina próxima ao lado
Nas paradas de ônibus lotadas
multidões de desejos frustrados
não veem a hora de chegar em casa
molhar pão dormido em sopa quente
e se deitar entre lençóis da cama
que é o lugar onde ficam os sonhos
No outro dia em que se repete o dia
se trabalha se come e se corre
enquanto a tarde atravessa a rua
levando com ela moléculas da vida
que descuidadamente deixamos
nas quinas nas esquinas e nos cantos
preocupados como sempre estamos
com os pensamentos pequenos
o meu o teu e os nossos de cada dia