Para que te servem estes fracos espinhos?
Perguntei a bela rosa logo ao vê-la chorar
Seus soluços cessaram e ela pôs-se a olhar
Enxugou sua face quando me viu sorrindo.
Sem jeito ela olhou para o sol que descia
Pelo vasto horizonte que nos contemplava
Entendi o silêncio, seu gesto sem palavras
Sussurrei para a rosa minha melhor poesia.
Atenta ela ouviu com seu tom apreensivo
Cada verso ditado como estação que chega
Meus olhos se encheram de nobre beleza
Ao ver a linda rosa acariciar seus espinhos.
- Eles são a espada para que eu possa lutar
Respondeu bela rosa ao fitar o horizonte
Seu olhar mudou, assim como o semblante
Bela rosa sorriu antes de continuar.
- Tão frágil pareço diante de outros olhos
- Porém tão bela pareço aqui diante dos teus
- O que vês em mim para achar então que eu
Seja algo mais pra ti para além destes sonhos?
Ela parou e me aguardou uma resposta
Sua tímida dúvida era quase que imparcial
Fiquei ali pensando, pois ansiava um final
Em que as palavras fizessem a sorrir de volta.
Ajoelhei-me e de leve toquei suas pétalas
Com um aperto no peito já ali tão sofrido
Ela então me encontrou, corpo e alma unidos
Disse à bela rosa: é por que tu me cativas!