Jose Kappel

Se Morrendo de Amor

 

Coisas da alma, 
sobretudo dos espíritos, 
meia-água de perdão, 
que invade agora 
nossa solidão. 
 
Estar junto já 
vale pouca coisa; 
é como beber 
um vinho doce 
e, no fim, se perder 
no aguardente. 
 
Não foi por mal,
nem por vaidade, 
foi a engrenagem da vida: 
uma hora pra frente, 
outra pra trás; 
sem maldade, pois,
apenas ela 
tinha piedade. 
 
E chega a hora
do igual.

A gente vê as coisas 
cairem lentas,
como um dia sombrero que 
se esvai, 
como as pétalas amaciadas 
das figueiras se deixam 
e se partem ao vento. 
 
A gente vê isso o dia 
inteiro, é certo, 
mas quando a gente 
se vê dentro de 
uma história de amor, 
é outro capítulo 
pra ver de frente,
é quando surgem
do inesperado
ramos de lágrimas
e dor. 
 
Ai dói mais.
 
É uma lança de 
duas pontas, 
tão arfada como um raio 
de sol. 

Então no seu interior
você resolve a se morrer.