Rafael Marinho

Mocinha dessa história

Eu, você, sofá

Silêncio, frio e mãos a se tocar

 

Ah, o que eu faço agora?

Te dou um beijo ou finjo que desmaiei?

Eu digo: \"Ai, que demora!\"

Ou eu te agarro de uma vez?

 

Não sei nem como agir 

Se te dou minha mão gelada de defunto

Ou se te chamo de saco sem fundo

Porque você comeu as bala,

As pipoca, as paçoca

E só deu pra salvar o presunto

 

Ou se então sou super sincero

E digo que seu cabelo está radiante

Como uma vassoura eletrocutada

Ou se, com isso, eu ainda espero

Que você se sinta muito amada

 

Eu só sei que é tanto amor

Que já fugiu do ser humano 

E foi ser anjo viajar

Porque eu acho mais fácil

Resolver o cubo mágico

Com os olhos vendados

Do que te namorar

 

E então eu digo a coisa

Mais romântica do mundo:

\"Quero vomitar meu coração

Na sua boca\"

E você vai na onda da loucura:

\"Que fofo, isso  daria

Uma bela canção\"

 

E então eu te beijo

Com um olho aberto

O outro fechado

Só pra não esquecer

Do que me cura

Todos os machucados

 

Mocinha dessa história,

Abra a porta

Mesmo que nossas linhas sejam tortas

Um dia, nossa poesia 

Se escreverá

Mesmo que tiver de vencer mil segredos

Quem pode botar medo 

Em quem amar?