Quando ouço o berrante
Meu coração pulsa forte
Numa viagem importante
Naquela estrada do norte
Eu conduzia uma boiada
De bois de grande porte
Raça de gado franqueiro
Laçar é questão de sorte
De passo lento seguindo
No instinto pressentindo
Que o destino era o corte
Ao passar o leito do rio
Onde a onça bebe água
Boi madrinheiro sentiu
Cheiro fresco da maiada
E toda a boiada estourou
Só ficou poeira na estrada
Dei rédea em meu cavalo
Nos estalos das rosetadas
O gado sumiu de repente
Àquele boiadeiro valente
Não pode fazer mais nada
O rebanho de franqueiros
Só deixou rastros no chão
Tropa solta sem boiadeiro
Faz um tropel sem direção
Naquele trecho da estrada
Os bois venceram o peão
Que voltou até a fazenda
Para dar ciência ao patrão
Só ficou poeira na estrada
Daquela boiada estourada
Há imagem de frustração
Eu larguei da tocar boiada
Vendi até o cavalo mouro
Para outro peão de estrada
Dei meu laço e o cachorro
Só fiquei com a lembrança
De herança daquele estouro
E lá no mourão da porteira
Deixei meu relho de couro
Símbolo de uma despedida
De que lutou dando a vida
Tal qual boiadeiro de ouro