ENGANO-ME
Quando penso
em apagar as luzes
E fechar a cortina
para encerrar o ato
Quando penso que é o fim
E que ficarei a sós
E que de mim não vai sair sequer um sopro
Que nada mais sairá de mim
Lá estamos nós...
Eu e ela...
Eu a caminhar sobre o papel
E ela pondo no papel
a minha voz.
Quando penso
Que aposentei os dedos
E que já falei
de todos os segredos
Que no coração
Já ocupei todos os espaços
Sem mais nenhum medo
Nem fracassos
Lá vem ela
A tirar-me novamente
a inconsciência
Porque ela sabe
que dependo dessa incoerência
E assim não paro
E nem desisto
Porque se eu deixo
o papel em branco
Sem o cântico
eu não resisto
E se eu for apenas sombra
eu não existo.