Desde a infância, eu sempre esperei
Que as pessoas fossem como eu sonhei.
Expectativas altas, padrões a cumprir,
E muitas vezes me vi a sucumbir.
Esperei amigos que nunca machucassem,
Professores que sempre me elogiassem.
Mas essa forma de ser trouxe dificuldades,
Isolando-me em minhas próprias verdades.
Perdi pessoas queridas
Por julgar minhas relações com rigidez.
Não vi que a natureza humana é imperfeita,
Repleta de contradições, uma dança abstrata.
Exijo perfeição em cada empreendimento,
Seja no canto, na escrita, em todo momento.
Mas essa perfeição é inatingível, ilusória,
E assim, no meio do caminho, desisto dos frutos da glória.
Quem vive de expectativas não vive de fato,
Julga o céu noturno sempre menos estrelado.
Passa pela vida paralisada,
Como em um retrato.
Desprezando o hoje, supondo o amanhã.
Vive pensando no que poderia ser,
Brincando com sua existência.
Não vive, apenas sobrevive em vão,
Crê na expectativa, despreza a ação.
E ao perceber esse fardo pesado,
Que a vida não é apenas o esperado,
Aprendo a abraçar o que me é dado,
Valorizar o presente, o improvisado.