Marcelo Veloso

VENDE-SE

Está por todo lado,

é de todo tipo,

tem para todos os gostos,

parece que virou moda.

É certo, cansa um bocado,

está em todo lugar,

exposto de todo jeito,

não importa se incomoda.

 

Não tem como não ver,

ao caminhar a pé pela rua,

andando de ônibus, carro ou moto,

passeando de bicicleta.

Tem de toda cor e tamanho,

no papel, cartaz, faixa, muro,

pregado no poste ou no portão,

até numa simples tabuleta.

 

Às vezes, escrita com caligrafia bonita,

outras vezes, um esfarrapo só,

umas com letras invertidas,

que até fica difícil entender.

Tem, também, no modo virtual,

na internet, com música e vídeo,

com muitas cores e imagens,

num frenesi muito louco de se ver.

 

É assim, o negócio da vida,

quando a necessidade exige ou aperta,

seja pelo desuso ou pela urgência,

o jeito é buscar o que e como fazer.

Vai da confiança à conquista,

servindo de tudo como oferta,

inventando até frases de efeito,

para não correr o risco de perder.

 

E com um jeito bem mercantil,

os rumos se tornam inevitáveis,

e tudo acaba virando mercadoria,

e ninguém mais se entende.

Aí, é o tal do mudar ou do desfazer,

seja pelo dispor ou recomeçar,

colocando, quase tudo, em promoção:

“vende-se” ou “se vende”.